terça-feira, 11 de junho de 2013

“A invisibilidade é algo que nos acompanha há muito tempo”, diz secretário nacional de Promoção dos Direitos das PCDs



Cerca de 40 pessoas compareceram nesta terça-feira ao almoço promovido pelo PT de Porto Alegre para recepcionar o secretário nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antonio José Ferreira. Militantes da área, pessoas com deficiência e representantes do governo do Estado, principalmente da Faders, protagonizaram um importante debate sobre as políticas públicas para pessoas com deficiência.

“Somos hoje ¼ da população brasileira. Cerca de dois milhões e meio de pessoas com alguma deficiência só no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, temos em torno de 300 mil pessoas, muitas delas na total invisibilidade, necessitando das políticas públicas”, informou o professor Adilson Corsetti. Os dados mencionados pelo professor são do Censo de 2010 do IBGE.

Após ouvir os principais militantes da área, Ferreira fez uma reflexão acerca da participação dos PCDs no Partido dos Trabalhadores e no governo federal. “Estamos vivendo um processo de transformação. Saindo de uma época em que éramos apenas beneficiados e assistencializados pelo governo, para um momento em que somos protagonistas, trabalhadores e colaboradores da sociedade”, enfatizou.

Arrancando risos da plateia, enumerou algumas definições já dadas às pessoas com deficiência. “Já tivemos muitos nomes: inválido, incapaz, excepcional. Pessoas vão usando de eufemismo para colocar uma máscara sobre a questão e não tratar do tema. Não somos portadores, somos pessoas”, disse ele, ao desabafar: “A invisibilidade é algo que nos acompanha há muito tempo”.

O Brasil, conforme Ferreira, só os reconheceu como pessoa a partir de 2009, quando definiu a deficiência como uma característica da pessoa. “Se ainda não avançamos tudo o que queremos, é por que estamos numa fase de transformação”, disse ele, ao completar. “No PT nós somos tão invisíveis quanto somos na sociedade. A política do coitadismo nos atrapalha muito. Precisamos de parceria”, finalizou.

CEIK
O presidente municipal do PT, Adeli Sell, resgatou o histórico da companheira Iole Kunze, que dá nome ao Centro de Eventos onde a reunião almoço foi realizada. Socióloga, faleceu aos 57 anos, vítima de um câncer recém descoberto. As limitações que a cadeira de rodas impunha a sua locomoção, após acidente que a deixou paraplégica aos vinte anos de idade, não impediram que a Iole se dedicasse incansavelmente aos seus deveres de cidadã. Ela lutou por uma cidade acessível, deixando como herança, por exemplo, o empenho pela implantação dos ônibus adaptados, que hoje são exemplo no país.

Durante o governo Olívio Dutra no Estado, Iole foi diretora técnica da Fundação de Apoio ao Deficiente e ao Superdotado, a Faders. Em sua gestão, conseguiu mudar o perfil assistencialista da Fundação e a transformou em um órgão de produção de políticas públicas para as pessoas com deficiência, outra herança nunca esquecida por aqueles que lá trabalham e as famílias que a Faders atende em todo o estado do Rio Grande do Sul.

“Com esse belo exemplo que foi a companheira Iole, queremos fortalecer nosso compromisso político com a plena cidadania das pessoas com deficiência”, ressaltou Adeli. “Oportunidades, direitos, cidadania para todas as pessoas são objetivos pelos quais o PT precisa estar dedicado”, completou.

O vereador Marcelo Sgarbossa, cicloativista e militante da área da acessibilidade, fez um relato da atividade que seu gabinete realizou no último final de semana, quando cegos e deficientes visuais puderam desfrutar do prazer proporcionado por uma bicicleta. Em parceria com a ong Embrião, o Coletivo Marcelo Sgarbossa promoveu uma atividade especial na Usina do Gasômetro, ao disponibilizar bicicletas adaptadas, conhecidas como ODKV (o de cá vê), desenvolvidas especialmente para quem enfrenta dificuldades de visão.

Por Tatiana Feldens, Asscom PT-POA

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