terça-feira, 21 de maio de 2013

A “importação” de médicos cubanos


Artigo originalmente publicado no Jornal do Comércio

Faço questão do título, pois é o que a mídia plantou, o conservadorismo alardeou e o senso comum comprou. Em recente debate na tevê local, contestei o uso dessa linguagem rebaixada. Importamos mercadorias! Convidamos pessoas a trabalhar em nosso País. O triste é ouvir que temos médicos demais quando, na média, estamos abaixo dos índices de Argentina e México, para citar dois exemplos. Temos 1,8 médicos para cada 1.000 brasileiros, índice abaixo de países desenvolvidos como Reino Unido (2,7), Portugal (4) e Espanha (4) e de outros latino-americanos, como Argentina (3,2) e México (2).

Como disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha, atrair médicos estrangeiros para o Brasil não pode ser um tabu. Abordagens desse tema, por vezes preconceituosas, não podem mascarar estas constatações: o Brasil precisa de mais médicos com qualidade mais próximos da população e não se faz saúde sem médicos.

Se do ponto de vista das capitais, a escassez desses profissionais já é latente, os desníveis intermunicipais tornam o quadro ainda mais dramático. Vi, vivi, testemunhei. Quem mora na Restinga ou no Rubem Berta, sofre bocados com a ausência deles. Seja porque o médico não veio ou porque a doutora chegou atrasada e não pode atender a todos.

Há um enorme déficit de médicos, o que leva a um desinteresse dos profissionais em trabalhar nos postos e cidades menos “atrativas”. Em um município a 80 km de Porto Alegre, o prefeito ofertou um contrato de R$ 12 mil, e espera por um médico. Noutra, a 60 km, a prefeitura paga R$ 10.500 líquidos. Conseguiu quatro deles.

Esse imbróglio ocorrido aqui no Estado e refletido Brasil afora levou prefeitos de todo o País a pressionarem o governo federal por medidas. Para enfrentar essa realidade, nosso governo tem analisado modelos exitosos adotados em outros países com dificuldades semelhantes. Estamos com a expectativa de contratar seis mil médicos que preencham vagas no Programa Saúde da Família. Esses profissionais, oriundos de países ibero-americanos com proporção de médicos superior à brasileira, como Argentina, Uruguai, Cuba, Espanha e Portugal, atuariam na atenção básica, voltada à prevenção e à baixa complexidade.

Ouso dizer que, se o ministro tivesse dito que convidara médicos finlandeses ou suecos, não haveria essa gritaria. Virou guerra fria. Precisamos nos desarmar e pensar naqueles que precisam de médicos e não têm. Que venham todos(as), sejam cubanos, espanhóis ou suecos. Abaixo o preconceito. Abaixo o corporativismo que faz mal à saúde.

Escritor e consultor

Um comentário:

Anônimo disse...

Adeli, não se trata somente de cooperativismo, é preciso levar em conta o lado profissional do médico, só quem tem alguém na familia como eu, sabe avaliar e mesurar toda a dificuldade para se formar um médico. inicia no vestibular q é mto competitivo, um curso elitista, mto caro, exige mto do aluno , o qual,nem se compara com outros cursos, pois trata de saúde humana q mto complexa. Depois, o problema real é investimento em infraestrutura para o trabalho médico que não trabalha sozinho, depende de equipamentos, medicamentos, laboratorios,enfermagem, leito e UTI. Soubemos q o nosso Estado não investe os 12% do orçamento na saúde e depois o Governo vem dizer que a questão é fata de médicos ??? Ao que parece estão a desviar o foco do problema que é de investimento em saúde pela União Estados e Municipios . Que é um problema crônico no Brasil, até um tributo já criaram CPMF e não deu certo, desviaram os recursos. Prefeituras contratam médicos sem garantia do emprego ao final do mandato. Não há Hospitais, leitos, UTIs. Para corroborar, seguidamente estamos vendo na TV doentes graves, gestantes, tendo de recorrer a justiça, viajando kilometros para encontrar UTI, e mesmo assim alguns acabam morrendo. Hoje adorei ver na TV q o Conselho de Medicina de Portugal não está aceitando o acordo por menos q os medicos daki receberiam. Aí o nosso Ministro da Saude disse na TV q só importariam médicos caso as Prefeituras se rsposabilizassem de dar estrutura. Peraí !!!!! isto é sacanagem com classe médica e com os brasileiros. Se vão criar estrutura para os medicos importados, criem para os daki !!!!!! Vamos respeitar o Brasil e os brasileiros !!!!!!