segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mazelas se acentuam em um Porto não tão Alegre

Abandono de parte da população e da estrutura urbana mostram uma face obscura da Capital com problemas sociais e de saúde pública

Porto Alegre já não é mais tão alegre como um dia costumou ser. O cenário é caótico, um retrato de abandono, miséria e tristeza dentro de um país em ascensão. Nosso povo está desamparado. Nossas ruas estão abandonadas e tornaram-se lar de milhares de porto-alegrenses. A Capital dos gaúchos virou lar a céu aberto, sem segurança, sem higiene, e sem apoio do Poder Executivo.

Moradores de rua, lixos revirados, contêineres servindo como residência, dejetos humanos e odores desagradáveis não são fatos em bairros isolados daqui. A exceção agora é ver um local da cidade em que o terceiro mundo não seja o plano de fundo.

Menino Deus
O cidadão é ciente do sofrimento e do quadro triste que está pintado diante de sua residência, mas nada pode fazer a não ser pressionar o poder público e alertar a Prefeitura e os órgãos responsáveis. Publicamos em 29 de maio o relato desesperado de um morador do bairro Menino Deus, zona de classe-média e historicamente privilegiada por ruas limpas e construções bem conservadas, como exemplo de apelo da população em relação à situação atual do município.

Como referido, o terceiro mundo (como o cidadão denominou a situação vivida no Menino Deus) não é realidade apenas desse bairro. Cidade Baixa, Floresta, Assunção, os arredores da rodoviária com a Farrapos, o Centro-Histórico – se ficássemos somente nesses já seria uma parcela significativa de Porto Alegre e de locais importantes para o turismo, a economia e a história da Capital. O que impressiona é a ausência de gestão e execução de políticas públicas voltadas aos moradores de ruas, seres como quaisquer outros que aqui habitam em residências apropriadas e higiênicas.

Passeios Públicos

A tristeza não faz parte apenas do quadro humano da cidade. As calçadas estão cada vez mais esburacadas. Transitar pelas ruas de Porto Alegre é um desafio constante, principalmente para idosos, gestantes, portadores de deficiência e até mulheres de salto alto. A estrutura do município está desbotada – prédios antigos pouco (ou nada) conservados, depredados, pichados. A entrada da Capital é uma imagem que nenhum turista gostaria de levar para casa na memória.

O entorno da rodoviária talvez seja uma das realidades mais tristes e, incrivelmente, é vista pelos olhos de todos que aqui habitam e de quem vem de fora diária ou frequentemente. É a síntese do horror de toda a cidade. Moradores de rua tornam-se moradores de contêineres. Colchões, carrinhos de supermercados, moradias improvisadas, sem higiene nem condições de sustentação própria são as alternativas desses cidadãos. No inverno, qual é a saída para essa gente maltratada (ou destratada)? Morrer de frio e virar estatística?

E as calçadas? A Prefeitura até tentou conscientizar os responsáveis pelas edificações para arrumarem-nas, mas falta o exemplo do Poder Executivo. O passeio público de Porto Alegre está antiquado e detonado, e próximo à rodoviária, local de tráfego intenso de pessoas, é o pior exemplo possível sobre pavimentação da cidade.
Desnível impossibilita o caminhar descontraído
No bairro Floresta, as calçadas também estão esquecidas. Andar pelo bairro é um verdadeiro exercício físico desgastante e de paciência, sempre olhando para baixo, cuidando para não tropeçar e se machucar seriamente. Constatamos isto na última sexta-feira (08.06), quando percorremos mais uma vez as ruas do bairro. Temos realizado um trabalho sistemático de observação e discussão das áreas degradadas da cidade, que por decorrência do abandono ou da má gestão sucumbem ao potencial de ascensão.

Adeli esteve com o delegado João Bancolini
discutindo melhorias para a região
A região do 4º Distrito tem um passado pujante, com arquitetura charmosa. Trata-se de um bairro abandonado por falta de projetos ou pela especulação imobiliária. Falamos dos contrastes da cidade cuja modernidade foi suspensa. Além disso, a prostituição a céu aberto, sem limite de horários e sem qualquer respeito com quem ali habita, também é intensa. É o cenário de extrema falta de consideração e de pudor com a população. Isso sem falar da utilização de praças públicas para fazer sexo e utilizar drogas, entre elas o Crack. Procuramos, também na sexta-feira, o delegado João Bancolini, da 3ª Delegacia de Polícia. Nos colocamos à disposição para trabalharmos em conjunto pelas melhorias da região.

Entre outros problemas, o bairro Assunção também é alvo dessas mazelas. As principais questões críticas dizem respeito ao acúmulo de lixo e consequentes problemas de saúde pública, como o aparecimento de animais transmissores de doenças graves. Moradores da região já vieram à Câmara para exigir providências aos problemas locais, em reunião com a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) do Legislativo da Capital, no dia 24 de maio. Na ocasião, o vereador Adeli Sell sugeriu ser oficiada também a Vigilância Sanitária sobre os problemas de limpeza que causam o aparecimento de ratos e vetores, e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente para as podas solicitadas.

Cidade Baixa
E a Cidade Baixa, localidade que exala boemia e vida noturna, atualmente é limitada e teve seu espírito alegre reduzido. Com isso, instala-se o cenário propício ao abandono. Mesmo com todo o espírito positivo e as belezas do bairro, historicamente é um local onde moradores de rua vivem e onde as calçadas não são cuidadas. Se a escrita continuar, o destino do cenário boêmio pode ser o mesmo da atual Farrapos e arredores da rodoviária.

Por fim, minha tarefa essencial como vereador é fiscalizar o poder executivo, cobrar a realização de tarefas típicas da Prefeitura, como garantir iluminação, estado das ruas, conservação das calçadas, limpeza urbana, sem esquecer de dar guarida aos moradores de rua, aos usuários de drogas etc. Nas minhas andanças anoto as demandas e as levo ao poder público em busca de soluções.

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