terça-feira, 29 de maio de 2012

Menino Deus, face do terceiro mundo

Historicamente, o Menino Deus é conhecido por ser um bairro de classe média-alta, bem localizado e privilegiado por ruas limpas e construções conservadas. De uns tempos pra cá, as políticas públicas da cidade parecem esquecer da importância da conservação e da estética urbana, bem como ignora as necessidades básicas para uma vida digna.

Atualmente, o descaso com a população e a falta de políticas públicas que priorizem o bem-estar, a saúde e o trabalho à população está aumentando o número de moradores de rua no bairro, bem como em diversos pontos de Porto Alegre. É um agravante também à saúde pública e à limpeza das zonas, pois, sem terem para onde ir e o que comer, os moradores de rua não veem outra saída a não revirar os lixos à procura de alimento e, um problema mais atual ainda, utilizam os contêineres como abrigo.

Farto da situação caótica e da sucateação do bairro Menino Deus e preocupado com o desrespeito e a descaso com os moradores de rua, o leitor do nosso Boletim Diário Eduardo Cotliarenco contribui com sua indignação perante o atual cenário e desrespeito com todos por parte do Poder Público. Reproduzimos a seguir sua mensagem na íntegra:

Não obstante o drama da indigência em si, venho a este Boletim relatar a situação do bairro Menino Deus e adjacências. Impressiona como nós habitantes de Porto Alegre (?) aceitamos passivamente as mazelas sociais em nossa volta. A quantidade de indigentes que moram nas ruas do bairro é visível e crescente, bem como suas ações em busca da sobrevivência. 


Lixo dos sacos abertos espalhados naturalmente nas ruas, mau cheiro de fezes e urina humanas pelas esquinas, lixeiras completamente sucateadas e vandalizadas. As calçadas são tão sujas e engorduradas que me envergonham de aqui habitar. 


Não há política para estas pessoas vulneráveis socialmente, não há fiscalização para nada, enfim, terceiro mundo crescente. 


E o mais revoltante é que os carnês de IPTU e outros sempre chegam na data certa. O problema nunca foi a carga tributária, mas a destinação dos recursos que se esvai na incompetência, corrupção epidêmica ou malversação. 


Mais boquiaberto fico quando verificamos os bilhões de dinheiro público em espécie e renúncias fiscais para os poucos de sempre que lucrarão com o evento Copa do Mundo. As obras ficarão, por certo, mas sem a ação do poder público e da cidadania (?) para manutenção em breve estarão sucateadas. E quem lucrou, lucrou...

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