sábado, 19 de março de 2011

A cidade se veste com seu mobiliário

Adeli Sell*

Uma cidade é lembrada pela sensação de acolhida ou de hostilidade que nos causa. Um ambiente bem cuidado faz toda a diferença. Tal como uma pessoa, importa tanto o cuidado no vestir quanto com a higiene. Como considerar a beleza de alguém quando sua proximidade acusa falta de banho, roupas desleixadas, mau hálito? A cidade se veste com paradas de ônibus, bancos, espaços públicos de lazer, calçadas limpas e sem armadilhas a pés incautos.

A cidade que trata bem aqueles que nela estão, tem seus caminhos e espaços indicados convenientemente, permitindo fluir de forma organizada. Não é possível apreciar quando a preocupação está toda voltada a se localizar num emaranhado de ruas sem nome, quando caminhar é arte de desviar de buracos e sujeira, esperar um ônibus é provação no sol ou na chuva.

Há tempos Porto Alegre abandonou qualquer política em relação ao mobiliário urbano. Há alguns anos houve tentativa de qualificar o espaço público através de licitação, tendo sido previsto um conjunto de paradas de ônibus padrão, inclusive com um pequeno banco e espaço para publicidade, como contrapartida ao empreendedor. Podia não ser o modelo mais bonito, mas tinha a grande vantagem de manter a parada iluminada à noite, justamente devido ao espaço publicitário com luz. Havia sombra em dias de sol, abrigo para a chuva e vento.

Atualmente as paradas foram abandonadas. Quando cobrado sobre o assunto, o Poder Público se omite, deixando sem resposta aqueles que sofrem diariamente, esperando, em pé, por ônibus que não costumam cumprir seus horários. Também as calçadas estão ao “Deus dará”, com a alegação de que sua manutenção é de responsabilidade do proprietário do imóvel, o governo municipal se omite de fiscalizar.

É inconcebível que uma cidade com o encanto do Guaíba, a beleza de seus morros, de seu Centro Histórico, tenha que conviver com sacos de lixo espalhados, catadores disputando resíduos, cachorros famintos e o mau cheiro que obriga o cidadão a tapar o nariz. Há equipamentos modernos para a conteinerização do lixo, esteticamente adequados, funcionais. Basta vontade e organização para implantá-los.

Defendo a ideia de que é possível à municipalidade realizar licitações públicas, dividindo a cidade em três, quatro ou cinco regiões, de forma que empresas possam disputar a colocação das mais diversas peças do mobiliário urbano nos espaços públicos, como brinquedos e praças de esportes nas praças, manutenção de espaços de lazer e preservação de espaços públicos, mediante a contrapartida da publicidade.

Para que isso ocorra, cabe ao prefeito o papel de maestro na orquestração das mudanças necessárias.

Adeli Sell é vereador do PT- Porto Alegre, RS

Um comentário:

Julio Canaan disse...

Considerando o Prefeito como um maestro na orquestração do seu município, sugerimos que seja, também, indutor da implantação dos ODM´s, levando as Escolas do Ensino Básico a estudar e acompanhar as mudanças por ele implementadas e acolhendo as propostas emergentes dessas escolas para análise, instruindo as Organizações da Sociedade Civil para apoiá-las, promovendo concursos, gincanas e mobilizando a categoria estudantil. As "Figurinhas Inteligentes ODM´s no Brasil" poderão divulgar, por meio de links, todas essas ações desenvolvidas nos municípios brasileiros. Ver o projeto completo em: http://www.tabuada.com.br/kitmunicipiosaz/000.htm