domingo, 9 de maio de 2010

Emir Sader e Marco Aurélio Garcia lançam livro em Porto Alegre

O sociólogo Emir Sader lançou neste último sábado (08.05), em Porto Alegre, o livro Brasil, entre o Passado e o Futuro. O título é organizado em parceria com o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e reúne ensaios de atores da cena política e intelectual brasileira que buscam assimilar e analisar as intensas transformações ocorridas no Brasil nos últimos sete anos.

Entre os autores, figuram Marcio Pochmann, Guilherme Dias, Luiz Dulci, Nelson Barbosa, José Antonio Pereira de Souza e Jorge Mattoso. O volume traz, também, uma entrevista com a pré-candidata à Presidência da República, a ex-ministra Dilma Rousseff. Todos apresentam um amplo conjunto de dados e interpretações que contribuem para a avaliação e os projetos para o Brasil dos próximos anos.



"O livro trata, basicamente, sobre a herança que nós recebemos, o que conseguimos fazer, o que não fizemos e o que sugerimos realizar daqui pra frente", resumiu Sader. Marco Aurélio endossou as palavras do sociólogo, acrescentando que uma das questões fundamentais que os levou a produzir o livro "foi o fato de o Brasil estar passando por uma extraordinária transformação política, social e econômica, com uma pífia reflexão sobre o momento".

Estiveram presentes, além dos autores, o pré-candidato ao Palácio Piratini, Tarso Genro, o ex-governador Olívio Dutra, os presidentes do PT/RS e PT/POA, deputado Raul Pont e vereador Adeli Sell, respectivamente, o vice-presidente do PT-POA, Rodrigo de Oliveira, o secretário de Formação Política do PT-POA, Assis Brasil, a deputada federal Maria do Rosário, e a ex-secretária estadual de formação, Lúcia Camini.

Grande mídia
No lançamento do livro, realizado na Igreja da Pompéia, em Porto Alegre, Emir Sader afirmou que a mídia tradicional faz campanha por José Serra (PSDB) à presidência. Ele criticou a ligação dos institutos de pesquisa Ibope e Datafolha às organizações Globo e ao jornal Folha de S. Paulo, respectivamente, e frisou seus questionamentos contra a imprensa, que, segundo ele, segue monopolizada e concentrada sob o poder das grandes famílias. "A informação no Brasil não pode depender de um modelo viciado, amarrado a um grande capital privado".

Na avaliação do assessor especial da Presidência, por outro lado, nunca ouve uma imprensa tão livre no Brasil como agora. "Tenho certeza de que o governo irá aprofundar ainda mais a questão democrática no nosso País".

Governo Lula
Sader também fez um balanço do governo Lula. Citou como pontos positivos a contribuição brasileira para impedir a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA, proposta pelos Estados Unidos); o fato de o país passar a privilegiar alianças com países vizinhos; as políticas sociais; e a volta do estado como indutor do desenvolvimento.

"As duas características mais fortes do governo Lula são a política externa e as políticas sociais. Entre os pontos negativos está o fato de não termos conseguido avançar na proposta de acabar com a ditadura da mídia privada. Algumas famílias seguem detendo o monopólio e formando a opinião pública", disse Sader. Ele acredita que para o PT chegar a sua terceira gestão terá que evoluir em 3 quesitos básicos: adquirir a hegemonia do capital financeiro; implantar um novo modelo para o agronegócio e acabar com o monopólio da mídia privada. "Temos que reformar o Estado profundamente. Ele está reduzido à inação. É um Estado que precisa ser reestruturado", avaliou.

Para Marco Aurélio Garcia, o Brasil mudou radicalmente sua relação na inserção no mundo. Ele citou uma frase de que o Brasil não poderia ser mais do que ele é e disse discordar veemente desta citação: "acho sim que o Brasil pode ser muito mais", disse ele, arrancando aplausos da platéia.

Eleições
Na avaliação dos pensadores, as classes menos farorecidas devem decidir o pleito deste ano. "A disputa vai se dar no povão. Essa é a nossa preocupação fundamental. É aí que vamos ganhar. Mas é importante ressaltar que não vamos ganhar a nacional sem ganhar aqui no RS, sem eleger o Tarso Genro como governador. Se não sairmos vitoriosos aqui, não teremos a força política para enfrentar os obstáculos que vão vir pela frente", avaliou Marco Aurélio. Emir Sader acrescentou que o "Brasil é o país mais injusto da América do Sul e a América do Sul é o continente mais injusto do mundo. Temos que fazer o que a Dilma está propondo: governar para 190 milhões de pessoas".

Nacional e Estadual
No que se refere à campanha nacional, Marco Aurélio Garcia disse estar preocupado com a opinião pública gaúcha a respeito da pré-candidata Dilma Rousseff. Segundo ele, para alguns setores da opinião pública, e até mesmo dentro do próprio partido, há uma certa inquietação com uma decolagem muito lenta da candidata petista. "Discordo dessa opinião. Acho que ela arrancou muito bem, o que explica as atitudes dos nossos adversários nesta semana. Eles se deram conta de que uma candidata que era pouco conhecida estava praticamente empatada nas pesquisas com o candidato da oposição".

Na avaliação do assessor de Lula, a questão central que está sendo colocada nesta eleição, não se reduz à enorme popularidade de Lula, mas às transformações reais que foram feitas no País durante a sua gestão. Segundo ele, os tucanos estão numa enrascada, porque fizeram 7 anos de oposição, e agora, no pós-Lula, querem estabelecer uma continuidade que não existe entre o governo FHC e o governo Lula. "O pós-Lula é Dilma", reiterou ele, deixando as centenas de militantes que compareceram ao evento em estado de êxtase.

Segundo Marco Aurélio, temos aqui no Rio Grande do Sul um grande partido e um grande candidato. Trata-se de uma constatação de caráter objetivo que deveria estar presente na campanha, avaliou. "Foi um excelente prefeito de Porto Alegre e um ministro de primeira neste governo. Tarso é um homem de idéias e um homem de ação. Estatura política e moral que vai ajudar o RS a voltar ao circuito nacional. O RS está precisando de um governante a sua altura", ponderou.

 
Por Tatiana Feldens - Asscom PT-POA

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